Aquisição de imóveis em dinheiro: um risco para a sociedade

Entenda por que os pagamentos em espécie podem favorecer a lavagem de dinheiro e a sonegação fiscal

A compra e venda de imóveis é uma das atividades mais importantes e lucrativas do mercado brasileiro. No entanto, essa atividade também pode ser usada para fins ilícitos, como a lavagem de dinheiro e a sonegação fiscal. Uma das formas de facilitar essas práticas é o pagamento em espécie, ou seja, em dinheiro vivo, sem a devida declaração e comprovação da origem dos recursos.
Neste texto, vamos explicar como os pagamentos em espécie dificultam o rastreamento da origem dos recursos, facilitando a lavagem de dinheiro. Vamos mostrar também quais são os riscos e as consequências dessa prática para a sociedade e para o mercado imobiliário. Por fim, vamos apresentar algumas medidas que podem ser adotadas para coibir esse tipo de operação e garantir a transparência e a legalidade das transações imobiliárias.

O que é lavagem de dinheiro e como ela funciona

Lavagem de dinheiro é o processo de ocultar ou dissimular a origem ilícita de recursos financeiros, provenientes de atividades criminosas, como tráfico de drogas, corrupção, contrabando, entre outras. O objetivo é fazer com que esses recursos pareçam legais e possam ser usados sem levantar suspeitas das autoridades.
Para isso, os criminosos usam uma série de técnicas e estratégias para movimentar e transferir o dinheiro sujo, de forma a dificultar o seu rastreamento e a sua identificação. Uma dessas técnicas é a compra de bens de alto valor, como imóveis, joias, obras de arte, carros de luxo, etc. Esses bens servem como uma forma de guardar e valorizar o dinheiro ilícito, além de permitir a sua conversão em dinheiro limpo, por meio da venda ou da locação.

Por que os pagamentos em espécie favorecem a lavagem de dinheiro

Uma das formas de comprar bens de alto valor com dinheiro sujo é o pagamento em espécie, ou seja, em dinheiro vivo. Essa forma de pagamento dificulta o rastreamento da origem dos recursos, pois não deixa registros nos sistemas bancários ou fiscais. Além disso, o pagamento em espécie permite que os criminosos negociem valores abaixo do mercado, oferecendo vantagens para os vendedores, que também podem sonegar impostos e ocultar patrimônio.
Assim, os pagamentos em espécie favorecem a lavagem de dinheiro, pois permitem que os criminosos adquiram bens de alto valor, sem a devida comprovação da origem dos recursos, e sem a fiscalização das autoridades competentes. Esses bens, por sua vez, podem ser usados para gerar renda lícita, por meio da venda ou da locação, ou para serem trocados por outros bens ou serviços, de forma a integrar o dinheiro sujo na economia formal.

Quais são os riscos e as consequências dos pagamentos em espécie para a sociedade e para o mercado imobiliário

Os pagamentos em espécie, além de facilitarem a lavagem de dinheiro, trazem uma série de riscos e consequências negativas para a sociedade e para o mercado imobiliário. Entre eles, podemos citar:

  • Aumento da criminalidade: ao permitir que os criminosos lavem o dinheiro sujo, os pagamentos em espécie estimulam a continuidade e a expansão das atividades ilícitas, como o tráfico de drogas, a corrupção, o contrabando, entre outras. Essas atividades geram violência, insegurança, desigualdade e injustiça social.
  • Prejuízo aos cofres públicos: ao possibilitar que os vendedores soneguem impostos e ocultem patrimônio, os pagamentos em espécie reduzem a arrecadação tributária e dificultam o controle fiscal. Isso implica em menos recursos para o financiamento de políticas públicas essenciais, como saúde, educação, segurança, infraestrutura, etc.
  • Distorção do mercado imobiliário: ao permitir que os compradores negociem valores abaixo do mercado, os pagamentos em espécie geram uma distorção na formação dos preços dos imóveis, prejudicando os compradores e vendedores que agem de forma legal e transparente. Além disso, os pagamentos em espécie podem afetar a oferta e a demanda de imóveis, criando bolhas especulativas ou escassez de imóveis.

Quais são as medidas que podem ser adotadas para coibir os pagamentos em espécie e garantir a transparência e a legalidade das transações imobiliárias

Diante dos riscos e das consequências dos pagamentos em espécie, é fundamental que sejam adotadas medidas para coibir essa prática e garantir a transparência e a legalidade das transações imobiliárias. Entre essas medidas, podemos destacar:

  • Limitação do valor dos pagamentos em espécie: uma das medidas mais eficazes para coibir os pagamentos em espécie é a limitação do valor máximo que pode ser pago em dinheiro vivo nas transações imobiliárias. Essa medida já existe em vários países, como Estados Unidos, França, Alemanha, Espanha, entre outros. No Brasil, existe um projeto de lei que propõe limitar o valor dos pagamentos em espécie a R$ 10 mil, sob pena de multa e confisco do valor excedente.
  • Declaração e comprovação da origem dos recursos: outra medida importante para coibir os pagamentos em espécie é a exigência de declaração e comprovação da origem dos recursos utilizados nas transações imobiliárias. Essa medida visa evitar que os recursos sejam provenientes de atividades ilícitas, como a lavagem de dinheiro. Para isso, é necessário que os compradores e vendedores apresentem documentos que comprovem a origem e a licitude dos recursos, como extratos bancários, declarações de imposto de renda, contratos de trabalho, etc.
  • Fiscalização e denúncia das operações suspeitas: por fim, outra medida essencial para coibir os pagamentos em espécie é a fiscalização e a denúncia das operações suspeitas de lavagem de dinheiro ou sonegação fiscal. Essa medida envolve a atuação dos órgãos competentes, como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), a Receita Federal, o Ministério Público, entre outros. Além disso, envolve a colaboração dos agentes do mercado imobiliário, como corretores, imobiliárias, cartórios, etc., que devem comunicar às autoridades qualquer indício de irregularidade nas transações imobiliárias.

Em suma, os pagamentos em espécie nas transações imobiliárias são uma prática que favorece a lavagem de dinheiro e a sonegação fiscal, trazendo riscos e consequências negativas para a sociedade e para o mercado imobiliário. Por isso, é preciso que sejam adotadas medidas para coibir essa prática e garantir a transparência e a legalidade das transações imobiliárias, como a limitação do valor dos pagamentos em espécie, a declaração e comprovação da origem dos recursos, e a fiscalização e denúncia das operações suspeitas.

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